terça-feira, outubro 10, 2006


OPINIÃO


"Ninguém conseguirá ficar indiferente, porque trata de algo que nos toca (tocará) a todos.
É a exposição mais serena que me lembro de ter visto, mas também a mais triste. Nem tentei reprimir as lágrimas que os textos e as imagens me provocaram.

É preciso ter coragem para fotografar a morte e para a mostrar sem pudor.

Parabéns por um belíssimo trabalho"

Manuela


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5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Vi a notícia sobre esta exposição na Sic, e li o artigo na Notícias Magazine, penso eu. O endereço da vossa página foi fornecido pelo Expresso de hoje.
Tenho a dizer que não concordo com a vossa exposição, e não me importo de receber críticas negativas por dizer aquilo que penso.
Acima de tudo, penso que estas fotos são um reflexo da sociedade materialista em que vivemos: «olhem para estas pessoas, são isto, estes corpos, esta carne cujo reflexo está impresso em papel. O sofrimento delas é visível nestas fotos.»
Ou talvez não. Nenhuma fotografia consegue captar a dimensão espiritual das pessoas, e talvez tenha sido por isso que estas são complementadas com frases escritas pela pessoa em questão. Talvez se tenham esquecido de que estes homens e mulheres eram filhos, pais, irmãos, amigos, etc. de alguém, e que essas pessoas podem estar a olhar para as fotos neste preciso momento e a reviver a angústia desses momentos.
Eu olho para estas fotos e vejo carne em exposição numa montra.
Eu olho para estas fotos e vejo o culto do cadáver que se instalou neste mundo em que vivemos.
Estas pessoas partiram para muito longe, e a sua memória é honrada desta maneira. Que deprimente.

14/10/06 09:18  
Anonymous Anónimo said...

Não concordo nada com esta opinião. A sociedade actual esconde tudo! Esconde os mortos, esconde os doentes, esconde os deficientes, esconde todos aqueles que são diferentes.

Eu já vi esta exposição e gostei muito. Aconselho a vé-la e depois sim faça os seus comentários.

14/10/06 13:59  
Anonymous Anónimo said...

Caro (a) senhor (a), não vou pagar a entrada numa exposição se sei à partida que o seu conteúdo não me agradará! Para ter uma ideia daquilo que eu pretendo transmitir, imagine que um dos mortos ali retratado era um amigo ou parente seu. Será que iria gostar? Eu não acho que a morte deva ser escondida, muito pelo contrário. Mas penso que esta não é a melhor maneira de mentalizar as pessoas de que é uma transição pela qual todos passaremos, mais cedo ou mais tarde. Acima de tudo, sou a favor do respeito pela dignidade de todas as criaturas. E respeitar a dignidade não só em vida, como também depois. Tenha um bom dia e por favor reflicta nisto.

15/10/06 12:31  
Blogger AMOR-TE said...

Cara loba alfa,

muito obrigada pela sua opinião. Mereceu a nossa maior atenção, como todas as outras perspectivas aqui apresentadas. Gostaria somente de esclarecer alguns pontos que apresenta. "Talvez se tenham esquecido de que estes homens e mulheres eram filhos, pais, irmãos, amigos, etc. de alguém, e que essas pessoas podem estar a olhar para as fotos neste preciso momento e a reviver a angústia desses momentos." - Penso que se refere às pessoas fotografadas. Foram as próprias pessoas que deram autorização para serem fotografadas e sabiam o propósito a que se destinavam as fotografias, logo foi uma opção que tomaram e as pessoas próximas partilharam essa opção.

"Mas penso que esta não é a melhor maneira de mentalizar as pessoas de que é uma transição pela qual todos passaremos, mais cedo ou mais tarde." Como poderá perceber pelas pessoas fotografadas, não se trata apenas de demonstrar que a morte é um momento pelo qual todos passaremos inevitavelmente, pois não podemos ignorar o facto de que as pessoas ali retratadas morreram com uma doença terminal. Se comparar as condições em que os doentes terminais morrem na Alemanha com as condições em Portugal, vai perceber o trabalho que ainda há a fazer.

Não tenho qualquer intuito de a fazer mudar de opinião, ou contrariá-la de algum modo. Mais uma vez, muito obrigada por ter partilhado a sua posição.

16/10/06 03:20  
Anonymous Anónimo said...

Caros,
Permito-me a discordar com ambos...
Aliás, na verdade não conhecia o trabalho de Walter Schels. Fiquei simplesmente deslumbrado. Fui investigar. Vi uma parte da sua obra. Percebi rapidamente, que existe uma linguagem comum nas suas fotos... Concluo, acredito, que a associação do trabalho à historieta da campanha dos cuidados paliativos é um mero alibi para algo bastante maior, bastante mais belo... A necessidade de que as pessoas têm de justificar, funcionalizar, associar, descaracterizar, em resumo banalizar o trabalho alheio é na verdade o verdadeiro e maior problema...
Assim sendo, cara loba alfa, se for visitar a exposição, com olhos postos na utilização/funcionalização da mesma a uma causa, até poderá ter alguma razão... Se, e pelo contrário, for de olhos lavados, não ressabiados, susceptiveis de querer perceber o que além se esconde, facilmente concluirá que só poderia sentir-se "orgulhosa" se ali estivesse um amigo, um familiar, um cão, um vizinho, um amante, enfim, a beleza(triste) da vida, em que os mesmos aparecem dignificados, e com uma maior vitalidade do que aquela que efectivamente tiveram em vida...E olhe que sou bastante critico no que toca à inata vulgaridade e capacidade de vulgarização que as pessoas no colectivo conseguem imprimir à vida...
Por sua vez, também acredito, senti, que quem fotografou, bem como quem escreveu os textos, não estava em primeira mão a tentar "mentalizar pessoas para a morte", arrisco a dizer, que no universo emotivo que rodeou a experiencia, deveriam, inclusivé estar a borrifar para essa parte... Foi fotografando, ela escrevendo, algo de profundamente belo, porque genuino e sem grandes construções...Posteriormente, as exposições, as cobranças de bilhetes, os circuitos da arte, conduzem exactamente a que terceiros entrem por essas teorias chatas e subvalorizantes, porque muitas vezes, não percebem que há coisas que são vistas e vivem por si só, ou seja, subsistem no silêncio e por si próprias.

Saudações e um pedido desculpa se passei por inconveniente ou inoportuno.

19/10/06 04:13  

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